Nos últimos anos, o cenário das apostas online, também conhecidas como “bets”, tem ganhado destaque no Brasil, especialmente entre a Geração Z e a classe C. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 25% da população entre 16 e 28 anos utilizou aplicativos de apostas em 2024. Além disso, 17% da classe C também se engajou nesse tipo de atividade. Esse fenômeno revela uma mudança significativa nos padrões de consumo e entretenimento dessas faixas etárias.
A adesão crescente das novas gerações às apostas online pode ser atribuída à facilidade de acesso proporcionada pela tecnologia. Com a popularização dos smartphones e a expansão da internet, as plataformas de apostas se tornaram mais acessíveis, permitindo que os usuários participem de jogos e apostas a qualquer hora e em qualquer lugar. Essa conveniência atrai especialmente os jovens, que buscam formas rápidas e práticas de entretenimento.
No entanto, o aumento da participação da Geração Z e da classe C nas apostas online também levanta questões sobre os impactos sociais e econômicos desse comportamento. A pesquisa da Anbima indica que cerca de 23 milhões de brasileiros apostaram ao longo de 2024, representando 15% da população com 16 anos ou mais. Desses, 10% apresentaram alta tendência ao vício, gastando em média R$ 683,64 por mês, cerca de três vezes o gasto médio geral de R$ 216.
Além disso, o levantamento aponta que 47% dos apostadores estão endividados, um índice superior à média nacional de 33%. Esse dado sugere que, para uma parcela significativa dos participantes, as apostas podem representar uma tentativa de resolver problemas financeiros, o que pode agravar ainda mais a situação econômica desses indivíduos.
Outro aspecto relevante é a percepção das apostas como uma forma de investimento. A pesquisa revelou que 16% dos apostadores consideram as bets como uma alternativa de investimento, embora esse percentual tenha diminuído em relação ao ano anterior, quando era de 22%. Essa visão equivocada pode levar a decisões financeiras impulsivas e arriscadas, especialmente entre os mais jovens, que ainda estão em processo de construção de sua educação financeira.
Em resposta a esse cenário, é fundamental que haja uma abordagem mais educativa e preventiva em relação às apostas online. Iniciativas que promovam a conscientização sobre os riscos envolvidos, ofereçam informações sobre comportamentos de consumo responsáveis e incentivem a busca por alternativas de entretenimento saudáveis podem ajudar a mitigar os impactos negativos desse fenômeno.
Além disso, é importante que as políticas públicas e as empresas responsáveis pelas plataformas de apostas adotem medidas que promovam a transparência, a segurança e a responsabilidade social. Isso inclui a implementação de mecanismos de controle, como limites de gastos, sistemas de autoexclusão e suporte psicológico para aqueles que apresentem sinais de vício.
Por fim, é essencial que a sociedade como um todo esteja atenta a essa tendência crescente e seus possíveis efeitos. A colaboração entre governo, empresas, educadores e a comunidade pode contribuir para um ambiente mais seguro e consciente em relação às apostas online, garantindo que as novas gerações possam desfrutar de entretenimento de forma saudável e responsável.
Autor: Galuca Mnemth