O sistema de câmbio flutuante é o modelo mais adotado por economias abertas e integradas ao comércio internacional. No Brasil, ele passou a vigorar oficialmente em 1999, quando o país abandonou o regime de bandas cambiais e passou a permitir que a cotação do real frente ao dólar e outras moedas estrangeiras fosse determinada pelo mercado. Para Kelsem Ricardo Rios Lima, especialista em economia macrofinanceira, compreender o câmbio flutuante é essencial para entender como decisões políticas, fatores externos e acontecimentos globais afetam diretamente o cotidiano da população.
Nesse sistema, a taxa de câmbio varia livremente de acordo com a oferta e a demanda de moeda estrangeira. Isso significa que, se houver mais pessoas ou empresas querendo comprar dólares, por exemplo, a cotação sobe. Se houver mais pessoas vendendo, o valor tende a cair. Essa flutuação influencia desde o preço de produtos importados até os investimentos em viagens internacionais, passando também por setores industriais que dependem de matéria-prima externa.
Câmbio flutuante e seus reflexos no dia a dia
O câmbio flutuante tem impacto direto no bolso do cidadão. Quando o real se desvaloriza frente ao dólar, bens importados ficam mais caros. Isso inclui desde eletrônicos e combustíveis até alimentos e medicamentos que dependem de insumos estrangeiros. Esse efeito, chamado de “pass-through cambial”, pode acelerar a inflação, exigindo respostas do Banco Central, como o aumento da taxa de juros para conter o consumo e equilibrar a moeda.
Por outro lado, a desvalorização cambial favorece exportadores, já que seus produtos ganham competitividade no mercado internacional. Segundo Kelsem Ricardo Rios Lima, esse equilíbrio entre os efeitos positivos para o setor externo e os desafios internos é um dos principais motivos para que o Brasil adote o câmbio flutuante: o modelo permite ajustes mais rápidos e naturais diante de choques externos, como crises financeiras ou mudanças nos preços das commodities.
Para quem viaja ou faz compras em moeda estrangeira, a variação cambial também pode representar um aumento de custos inesperado. Da mesma forma, estudantes no exterior ou empresas que importam equipamentos precisam acompanhar atentamente a oscilação da moeda, pois seus gastos podem aumentar consideravelmente de um mês para o outro, dependendo das turbulências do mercado.

Vantagens e desafios do câmbio flutuante
Entre as principais vantagens do câmbio flutuante, está a capacidade de absorver choques externos. Quando há uma crise internacional ou uma queda repentina na confiança dos investidores, a taxa de câmbio se ajusta automaticamente, atuando como um “amortecedor” para a economia nacional. Além disso, o sistema evita o uso excessivo de reservas internacionais, já que o governo não precisa intervir constantemente no mercado para manter a moeda em um valor fixo.
No entanto, o modelo também apresenta desafios. A alta volatilidade pode gerar incertezas para empresários e consumidores. Investidores estrangeiros, por exemplo, podem hesitar em aplicar seus recursos em países com moeda instável. Kelsem Ricardo Rios Lima ressalta que, embora o câmbio flutuante seja eficiente em termos macroeconômicos, sua imprevisibilidade pode comprometer o planejamento de longo prazo de famílias e empresas, especialmente em setores mais sensíveis à variação do dólar.
Outro ponto importante é que, embora o câmbio seja flutuante, o Banco Central pode intervir eventualmente por meio de leilões de compra ou venda de moeda para suavizar movimentos bruscos. Essas intervenções pontuais têm o objetivo de evitar pânico no mercado e garantir maior previsibilidade para a economia real, sem, no entanto, comprometer a liberdade do regime.
Como se proteger da instabilidade cambial
Diante da incerteza própria do câmbio flutuante, consumidores e empresas podem adotar estratégias para mitigar os impactos da volatilidade. Para pessoas físicas, evitar endividamentos em moeda estrangeira e planejar viagens com antecedência são atitudes prudentes. Empresas podem recorrer a contratos de hedge cambial, que funcionam como um seguro contra as oscilações da taxa.
Kelsem Ricardo Rios Lima recomenda que investidores diversifiquem sua carteira, incluindo ativos atrelados a diferentes moedas e mercados. Essa postura ajuda a diluir riscos e proteger o patrimônio em cenários de instabilidade. Em um mundo globalizado, entender os mecanismos do câmbio é uma forma de garantir escolhas financeiras mais conscientes e eficazes.
Autor: Galuca Mnemth